
Certa vez um monge decidiu meditar sozinho, longe de seu mosteiro, ele tomou um barco e foi até ao meio do lago, fechou seus olhos e começou a meditar.
Depois de uma hora em silêncio imperturbável, ele de repente sentiu um golpe de outro barco batendo no dele, com os olhos ainda fechados, ele sentiu a raiva crescer descontroladamente e quando abriu os olhos, já pronto para gritar com o barqueiro que ousou atrapalhar a sua meditação. Surpreendeu-se ao perceber que era apenas um barco vazio, não amarrado, que flutuava no meio do lago.
Naquele momento, o monge alcançou a autorrealização e entendeu que a raiva estava apenas dentro dele; ele simplesmente precisou de uma batida de um objeto externo para provocá-la.
Depois disso, sempre que encontrava alguém que o irritava ou provocava sua raiva, ele lembrava; a outra pessoa não passa de um barco vazio. A raiva está dentro de mim.
Controlar nossas ações negativas é algo extremamente difícil, ainda mais, quando descobrimos que a nossa mente é causa primordial deste processo. Há outro conto que também ajuda a elucidar este tema.
Certa vez, um monge estava caminhando com sua xícara de chá, de repente seu mestre o empurrou fazendo com que seu chá derramasse por todo o lado.
- Por que tu derramaste o chá? – Indagou o mestre.
- Porque você me empurrou! – replicou o monge, furioso.
- Resposta errada! Derramaste o chá porque tu tinhas apenas chá na xícara, Se tu tivesse café, Tu terias derramado café.
A estranha atitude do mestre consistia em ensinar ao seu discípulo, que quando a vida lhe sacode o que temos dentro de nós, irá derramar.
Às vezes, até podemos fingir que a nossa xícara está cheia de virtudes, mas quando a vida nos empurra, derramamos o que na verdade existe em nosso interior.
Sempre a verdade surgirá com a luz. Então, devemos diariamente nos perguntar. O que há na minha xícara?
Quando a vida ficar difícil, o que eu vou derramar? Alegria, agradecimento, paz, bondade, humildade? Ou bronca, amargura, palavras ou reações duras?
A escolha está em nossas mãos! Podemos começar agora mesmo a encher nossas xícaras com gratidão, perdão, alegria, palavras positivas e amáveis, generosidade e amor para os outros. O que estiver na nossa xícara, seremos responsáveis. E olha que a vida sacode.
Para concluir, citarei aqui o grande mestre, Chagdud Tulku Rinpoche, que nos deixou este precioso ensinamento.
"Muitas vezes pensamos que a única maneira de criar felicidade é tentar controlar as circunstancias exteriores das nossas vidas, tentar corrigir o que parece errado ou livrar-se de tudo o que nos incomoda. Mas o verdadeiro problema reside na nossa reação a essas circunstâncias. O que temos que mudar é a mente e a forma como nos relacionamos com a realidade."
Com mãos em prece.
Lucas Pereira
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Adorei a reflexão, parabéns!!
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